imperfeito

segunda-feira, abril 27, 2009

Procissão carreata de São Jorge

No dia de São Jorge, dia 23, acontece todos os anos uma procissão-carreata organizada pela Escola de Samba Império Serrano. Essa procissão, tendo a imagem de São Jorge levada por um carro do Corpo de Bombeiros, sai da quadra da Império na Serrinha de Madureira, passa pela Igreja de São Jorge em Quintino, é benta pelo pároco e segue por outras ruas do subúrbio até retornar à Serrinha.

No dia 26, domingo, foi refeita essa procissão, passando pelos mesmos locais até a esquina das ruas Piaui e Honorio, no subúrbio de Todos os Santos. O objetivo foi reviver uma antiga tradição de representar a visita de São Jorge a uma casa, recebido com fogos de artifício, a sua oração e flores. Nove pessoas foram escolhidas para fotografar essa festa (fotógrafos profissionais), e eu estava entre elas (apesar de não sê-lo). Antes de qualquer relação com alguma religião, essa tradição traz às ruas o sentido das festas, o convívio festeiro entre pessoas dos bairros, cada dia menos comum nas enormes metrópolis de hoje. É importante lembrar que nos subúrbios do Rio as pessoas levam uma vida bem diferente da vida da Zona Sul e da Barra. É uma vida de bairro, onde as pessoas se conhecem, e, por isso, ainda é possivel fazer festas como essa.









terça-feira, abril 21, 2009

Uma análise sobre as farras do Congresso com o nosso dinheiro + O Rio também tem...

Ruy Fabiano Rabello - uma análise lúcida sobre as farras das viagens no Congresso com o seu, o meu, o nosso dinheiro, feita por quem conhece muito bem os meandros e labirintos dos Poderes da República brasileira. Assistam...

Ruy Fabiano Rabello é jornalista e escritor, está em Brasilia desde 1979 atuando no jornalismo político e tem no curriculo trabalhos para quase todos os grandes veículos da imprensa brasileira, Editora Abril, Agencia Estado, TV Globo, Correio Brasiliense, Gazeta Mercantil, etc.

Curiosamente, Fabiano foi meu colega na Faculdade de Comunicação. Sua família vivia em torno da música. Irmão de Rafael Rabello (Rafael 7 Cordas), Luciana (excelente cavaquinista, uma das fundadoras e mantenedoras da Escola Portátil de Música, na UniRio), Amelia (voz lindíssima, perfeita, única).... Fabiano tocava muito bem violão, cantava e compunha. O ambiente da familia se estendia a Paulinho da Viola, Paulo Cesar Pinheiro... e outros músicos de igual nível.

Tem dois livros publicados que, especialmente, recomendo: Profanação e Os Arquivos de Deus (sugiro que leiam o conto título do livro)


O Rio tambem tem...
uma rede de livrarias chamada Travessa. A do Leblon é eeennnnooorrrrmmmmeeee... e a gente se sente como se estivesse numa biblioteca.

Fotos tiradas com o celular (muito ruins, pra variar) a partir do café que fica no mezzanino





O Rio também tem...
ontem, numa caminhada, fui até o mirante do Leblon, que fica no final da praia do mesmo nome, na subida da Avenida Niemeyer. Essa avenida margeia o mar sobre os penhacos e vai dar em São Conrado. Estava eu curtindo o dia, lindíssimo e inacreditavelmente silensioso, quando me deparo com a cena que tento mostrar nessa foto (de celular também, e igualmente ruim). Uma mulher, bem acima do peso, vestida com fio-dental, tendo na cabeça folhas de palmeira e na mão uma espécie de lança de bambu, se exibe, nas pedras, como se fosse uma índia...

Perto de mim um casal, provavelmente mineiro. A mulher se prepara para tirar uma foto do homem, tendo o mar como cenário. "Benhê, espera um pouco que tem um urubu voando atrás de voce". "È urubu não, bem, é garça"...
E a negra gaivota João Grande (ou Fragata) de peito branco, típica do litoral do Rio, elegantíssima, sobrevoa nossas cabeças...

domingo, abril 12, 2009

DUO GISBRANCO em show delicioso + os veleiros da VOLVO OCEAN RACE deixam o Rio

Show das meninas do DUO GISBRANCO ontem à noite no Horse´s Neck do Hotel Sofitel. O Horse´s tem um dos ambientes mais agradáveis do Rio e a vista é simplesmente a Praia de Copacabana.

No Forte de Copacabana, no Posto 6, no final da praia, está instalada a Roda Rio 2016, uma roda gigante, cujas fotos já publiquei aqui anteriormente. Ei-la vista do Horse´s Neck...
O show delas é sempre um deleite para os ouvidos porque elas são feríssimas. Além disso, os shows são sempre muito divertidos porque ambas têm excelente humor. Mas ontem elas estavam impossíveis tanto nos teclados quanto na felicidade...


Elas com Sergio Krakowski, excelente percusionista. Ontem ele mostrou todas as suas qualidades porque as meninas tocaram com ele o que não haviam passado antes e ele segurou a peteca excelentemente...




Os heróis contemporâneos seguem para mais uma etapa da VOLVO OCEAN RACE. Nas regatas, cada etapa tem o nome de Perna (Leg). Essa Perna que começou ontem vai do Rio a Boston, onde os veleiros devem chegar em cerca de 2 semanas, num percurso de aproximadamente 9.000 km.

Aqui as fotos de ontem da despedida dos barcos do Rio de Janeiro.

A Banda dos Fuzileiros Navais completa, com cerca de 160 componentes, em seu uniforme de gala, abre os festejos da despedida, evolui e forma diversos desenhos (como uma âncora, por exemplo), executando desde marchas militares até Asa Branca, de Luiz Gonzaga. A Banda dos Fuzileiros é considerada uma das melhores bandas marciais do mundo.

Esse é um barquinho fantástico, super veloz, que "voa" sobre a água...
Os tripulantes do Telefonica Blue, alguns ainda com seus filhinhos (um deles com o filho nos ombros) antes da despedida oficial.


A tripulação do Ericsson4, comandada pelo brasileiro Torben Grael, agradece a acolhida carioca...
Os lindissimos veleiros antes da partida...

A filha de um dos tripulantes do Puma ajudando seu pai antes da despedida...

Os tripulantes dos barcos conversam esperando a hora de partir...

Torben Grael, no comando do Ericsson 4, sentado à direita da foto, de óculos escuros...

O Il Mostro, barco da Puma, ainda com os familiares dos tripulantes no convés. Bem à esquerda da foto está Ken Read, americano, comandante do barco, de braços cruzados, de camiseta branca e viseira preta, com sua mulher e sua filha.

Os veleiros já no mar rumo à saida da barra... o Puma com suas velas vermelhas, os Ericssons com seus topos alaranjados, o Green Dragon com as velas verdes e brancas....

sexta-feira, abril 10, 2009

Os grandes amores de Saint-Exupéry (um dos grandes heróis dos nossos tempos)


“Eu continuava andando sozinha na rua, pensando em meu piloto que dormia... Parecia uma imbecil caminhando sem rumo, esbarrando nos transeuntes, meio perdida, quando de repente um homem me pegou pelo braço e gritou em meu ouvido:
- Vamos, suba no carro.
- Ah! é o senhor, Tonio?
- Sim, sou eu. Procurei-a por toda parte. Parece uma mendiga, andando toda curvada. Perdeu alguma coisa?
- Acho que perdi minha cabeça.
Ele riu com vontade:
- Foi meu motorista quem a reconheceu, eu não o teria conseguido. Por que estás tão triste? Pareces uma órfã.
- É verdade. Pareço triste porque não tenho coragem de fugir do senhor. E acho que não quero ouvir a verdade; para o senhor não passo de um devaneio, o senhor gosta de brincar com a vida, não tem medo de nada, nem mesmo de mim. Mas fique sabendo que não sou um objeto, nem uma boneca: eu não mudo de rosto todos os dias, gosto de sentar-me todo dia no mesmo lugar, em minha cadeira, e sei muito bem que o senhor não suportaria isso, pois gosta de estar sempre mudando. Se me disser com sinceridade que a sua carta e a sua declaração são um ensaio sobre o amor, um conto, um sonho de amor, não ficarei chateada. O senhor é um grande poeta, um cavaleiro alado, um belo rapaz, forte, inteligente, e não pode zombar de uma pobre moça como eu, que não tem outro tesouro senão o seu próprio coração e a sua vida.
- Que estás dizendo? - replicou ele. - Achas então que tenho muitas qualidades para ser teu marido? Por que, tão jovem, desconfias assim da vida? Por que és tão amarga sobre a doçura de viver? Depois de Correio Sul, não escrevi mais nada... A não ser essa carta de quarenta páginas para ti... E direi que te admiro, que te amo... Todos os dias pedirei à senhora que seja minha companheira por toda a vida. Preciso da senhora. Sei que a senhora será minha mulher, posso jurar quanto a isso.
- Estou muito emocionada... Se acreditasse poder proporcionar-lhe algo de bom, de belo, não hesitaria talvez em casar-me novamente ... mas não tão rápido... Tonio, tem certeza que deseja uma mulher para toda a vida?
-Consuelo eu a quero para toda a eternidade”.
(Consuelo Suncin de Sandoval no livro Memórias de uma Rosa)


Consuelo, escultora e pintora, nasceu em El Salvador, no inicio do século passado, de família rica, filha de um dos reis do café à época. Guapa, inteligente, sensual, vulcânica e, ao mesmo tempo frágil, casou-se cedo com um mexicano e aos 22 anos estava viúva. Tornou a casar-se, em Paris, alguns anos depois com um escritor milionário, cônsul da Guatemala na França. Viveram prosperamente numa magnífica propriedade em Nice, na Riviera Francesa. Quis a vida que ficasse novamente viúva aos 27 anos, com uma imensa fortuna, independente, com hábitos pouco usuais para uma mulher do seu tempo, fuma, dirige automóveis, viaja por todo o mundo. As más línguas a rotulam de condessa de mentirinha.

Numa viagem a Buenos Aires conheceu um homem de quase 2 metros de altura, audacioso e aventureiro aviador, com jeito de garotão, que tocava piano, que a pediu em casamento no mesmo dia. Ao conhecê-la, esse homem, escreve para ela uma carta de 40 páginas.

Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry, filho do conde e da condessa de Foscolombe, cujo apelido na França era Saint-Ex, e que os amigos chamavam de Tonio, foi escritor, ilustrador, piloto da Sociedade Latécoère de Aviação (o primeiro serviço de correio aéreo do mundo) e piloto de guerra durante a Segunda Guerra Mundial. Ficou órfão de pai aos 4 anos. Talvez por isso tenha sido um jovem tímido e introspectivo.

Saint-Ex apaixona-se imediatamente por Consuelo e a convida a voar. Acima das nuvens desliga o motor do avião e ameaça só religá-lo após ganhar o beijo dela. Assim começa uma história de dois boêmios que se entregam aventuradamente à vida. A relação é tormentosa, plena de rompimentos, afastamentos, distâncias, reaproximações, traições e amor.

Consuelo escreve:

“Mas agora é tarde no dia e ainda estás longe. Sentar-me-ei no alpendre à tua espera e talvez apareças quando eu já tiver adormecido. Que delícia pensar que neste momento todos os teus passos te aproximam da nossa casa.”

“Saboreio as viagens que fazes porque sempre te reencontro belo como uma árvore. às vezes, é claro, deixas-te queimar pela neve. Mas chega sempre o dia em que te sentas à minha mesa, prisioneiro dos meus olhos, ao alcance dos meus gestos.”

“O amor é para ti uma coisa natural sobre a qual não se deve falar muito. Nunca são muitas as palavras, e raramente são tuas. Os poetas já inventaram quase tudo talvez sobre o amor. Mas falas tão pouco de ti, e quando partes levas contigo todo o teu ser, tão completamente, tão totalmente. Não te esqueces de parcela alguma de ti, em lugar algum.”

“Adivinho, pois creio. Creio que a ternura que abandonas de cada vez que te afastas, tem cada vez mais o valor de um tesouro e que um sentimento de mágoa vai crescendo em ti, no momento em que o enterras debaixo da terra. A minha casa é aqui dentro de ti, a minha fonte são os teus olhos, só eles me saciam, dizes antes de partir. E no meio da noite, abraças-me, apertas-me com ternura como se eu fosse um pequeno animal doméstico, e sussurras não sei ser teu, perdoa-me.”

“Nunca sei muito bem como me arrumar em ti ou na cômoda dos meus pensamentos. Ofereço-te o rir dos meus lábios, enceno a tua fantasia para que escaves sempre e revolvida a terra me encontres. E durante alguns dias em muitos anos, vamos vivendo. Intensamente. Nunca em paz. Para sempre.”

“Pareço vaidosa nas coisas pequenas. Mas sou humilde nas grandes. Pareço egoista nas coisas pequenas, mas nas grandes sou capaz de dar tudo. Até a vida. Pareço muitas vezes impura nas coisas pequenas, mas só sou feliz na pureza.”


Estavam morando em Nova Iorque quando Saint-Ex escreve O Pequeno Príncipe. Tudo indica que Consuelo seja a Rosa, contudo, Tonio não torna isso evidente, o que causa enorme desilusão a Consuelo.

Lembram ? O Pequeno Príncipe morava num pequeno planeta, do tamanho de uma casa, onde só cabiam três vulcões, dois ativos e um extinto, e uma flor. Essa flor, uma rosa, era lindíssima, frágil e orgulhosa. Foi o orgulho da rosa que transformou a tranqüilidade daquele pequeno mundo e levou o Pequeno Príncipe a fazer uma viagem pelo espaço que o traz à Terra.

Corria o ano de 1943 quando o livro foi publicado.

Em julho de 1944, aos 40 anos de idade, Saint-Ex some, quando o avião militar que pilotava, num vôo de reconhecimento entre as cidades de Grenoble e Annecy na França, é abatido pela aviação alemã (os destroços do seu avião foram encontrados em 2004 perto da costa de Marselha).

Agora, neste ano de 2009, está sendo publicado um livro que contém algumas cartas de Saint-Ex a uma mulher por quem se apaixonara no seu último ano de vida.

“Em maio de 1943, Antoine de Saint-Exupèry, depois de viver mais de dois anos nos Estados Unidos, onde publicou notavelmente O Pequeno Príncipe volta a Argel para tentar
encontrar o campo de ação militar de sua esquadrilha, o grupo de reconhecimento aéreo 2/33.

Um dia, no trem que o conduzia de Oran a Argel, conhece uma moça de 23 anos, originária do leste da França, casada, habitante de Oran, oficial e condutora de ambulância da Cruz Vermelha. Apaixona-se imediatamente por ela, e os dois se relacionam durante o último ano de sua vida.” (do livro o Amor do Pequeno Príncipe, Cartas a uma desconhecida).

Também nesse pequeno livro, cujos textos são ilustrados por Saint-Ex como se houvessem sido escritos pelo Pequeno Príncipe, não há evidências de que a flor seja essa sedutora desconhecida.

Li quase todos os livros de Saint-Ex porque ele é um dos meus heróis. Meus heróis sempre foram aqueles malucos que deram sua vida em prol da humanidade. Desdenho os “heróis” que enfrentam enormes desafios para si mesmos, para baterem recordes em nome de seus orgulhos pessoais.

Saint-Ex era de família nobre, rica, poderia ter ido pegar ondas gigantes, caçar elefantes ou baleias, correr maratonas, atravessar a nado os oceanos, escalar os himalaias, mas preferiu ser aviador do correio aéreo. Junto com seus amigos, Bury, Guillaumet, Lécrivain, Mermoz... enfrentou as rotas sobre os desertos, sobre as cordilheiras, em aviões primitivos, nos quais o piloto em dias de tempestade tinha que colocar a cabeça para fora da carlinga para “ver” por onde andava. Quantas e quantas vezes esses heróis tiveram que fazer aterrissagens forçadas ou caíram no alto das montanhas ou nas dunas dos desertos ! Os mouros do deserto do Saara o chamavam de “senhor das areias”




Reproduzo um longo trecho de Terra dos Homens:

“Lembro-me bem de uma chegada de Bury, que mais tarde morreu em Corbières. O velho piloto sentara-se no meio de nossa turma e comia pesadamente sem dizer nada, os ombros ainda abatidos pelo esforço. Era uma dessas notes más em que, de uma ponta à outra da linha, o céu está entupido e todas as montanhas parecem ao piloto rolar na escuridão (...).

Encarei Bury, engoli um pouco de saliva, e ousei afinal perguntar se o vôo havia sido duro. Bury não me ouvia, a testa enrugada, a cabeça inclinada sobre o prato. A bordo dos aviões descobertos, nos dias de mau tempo, era preciso se inclinar fora do parabrisa para ver melhor, e o chicote da ventania fustigava longamente as orelhas. Afinal Bury ergueu a cabeça, pareceu me ouvir, lembrar-se e, bruscamente, soltou uma risada clara. E aquele riso maravilhou-me porque Bury ria pouco. Aquele riso breve que lhe iluminava o cansaço. Não deu nenhuma outra explicação de sua vitória: baixou a cabeça e pôs-se novamente a mastigar em silêncio. Mas, no ambiente cinza do restaurante, entre os pequenos funcionários que ali descansavam de suas humildes fadigas cotidianas, aquele companheiro de ombros pesados me pareceu de uma estranha nobreza; sob a rude crosta do homem sentia-se o anjo que havia vencido o dragão”. (...)

“Veio enfim a tarde em que, por minha vez, fui chamado ao gabinete do diretor. Ele me diz simplesmente:
- O senhor vai partir amanhã” (...)

“Quando sai do escritório sentia um orgulho pueril. Ia também ser, a partir daquela madrugada, responsável por um grupo de passageiros, responsável pelo correio da África. Mas sentia, ao mesmo tempo, uma grande humildade. Não me julgava bem preparado. A Espanha era pobre em refúgios; eu temia, na ocasião de uma pane ameaçadora, não saber onde procurar o campo de emergência. (...) Com a alma cheia dessa mistura de timidez e orgulho fui passar aquela vigília de armas em casa de meu companheiro Guillaumet. Guillaumet precedera-me no serviço. Guillaumet conhecia os truques para desvendar os segredos de Espanha. Eu precisava ser iniciado por Guillaumet.

Quando entrei, ele sorriu:
- Sei da novidade. Está contente ?
Foi ao armário apanhar o vinho-do-porto e os copos. Voltou com seu sorriso:
- Vamos regar isso. Você vai ver, tudo irá bem.
Espalhava a confiança como quem espalha luz, aquele companheiro que mais tarde haveria de bater o recorde das travessias do correio aéreo da Cordilheira dos Andes e do Atlântico Sul. Naquela noite, em mangas de camisa, os braços cruzados sob a lâmpada, sorrindo o mais reconfortador dos sorrisos, ele me disse simplesmente: ‘as tempestades, a bruma, a neve, muitas vezes essas coisas o incomodarão. Pense então em todos os que conheceram isso antes de você e diga assim: o que eles fizeram eu também posso fazer.

No entanto desenrolei meus mapas e pedi-lhe para rever um pouco, ali comigo, a rota de viagem. E debruçado sob a lâmpada, apoiado no ombro do veterano, reencontrei a paz do colégio.

Mas que estranha lição de Geografia recebi ! Guillaumet não me ensinava a Espanha: ele fazia da Espanha uma amiga para mim. Não me falava nem de hidrografia, nem de populações, nem de pecuária. Não me falava de Guadix, mas de três laranjeiras que existem em um campo próximo a Guadix: ‘desconfie delas; é bom assinalá-las ai no mapa...’. E as três laranjeiras tomavam mais espaço na carta do que a Serra Nevada. Não me falava de Lorca, mas de uma simples fazenda perto de Lorca. Uma fazenda viva. E falava do fazendeiro. E da fazendeira. E aquele casal perdido no espaço, a quinhentos quilômetros de nós, assumia uma importância desmesurada. Bem instalados na vertente de uma montanha, como guardas de um farol sob as estrelas, aquele homem e aquela mulher estavam sempre prontos a socorrer homens. (...)

E aqueles trinta carneiros, dispostos para o combate no flanco de uma colina, prontos para avançar: ‘você pensa que este prado está desimpedido e de repente – zás – olhe trinta carneiros disparando sob as rodas. E eu respondia com um sorriso maravilhado tão pérfida ameaça.

Assim, pouco a pouco, a Espanha de minha carta se transformava sob a lâmpada, em um país de contos de fadas. Marquei com uma cruz os refúgios e as ciladas. Assinalei aquele fazendeiro, aqueles trinta carneiros, aquele córrego. No seu lugar exato assinalei aquela pastora desprezada pelos geógrafos”.


domingo, abril 05, 2009

VOLVO OCEAN RACE In-Port no sábado e FEIRA CULTURAL DE FOTOGRAFIA no domingo

VOLVO RACE In-Port na Baia da Guanabara na tarde de sábado. O brilhante vencedor foi o barco Telefônica Blue.

Por estas 2 fotos pode-se perceber como o cascos dos barcos são pequenos diante do mastro de 31,5 metros de altura. Quando a vela balão (vela de popa - frente do barco - cujo nome clássico é Genoa) está inflada ela ocupa uma área correspondente a 2 quadras de tenis. Essas velas, desse tamanho, fazem com que estes barcos sejam bastante velozes para veleiros do seu porte.

Fotos minhas dos primeiros 5 colocados chegando à Marina, após a Regata In-Port. Os barcos já recolheram as velas e entram no motor. O barco Telefonica Blue, espanhol, o brilhante vencedor.

O Puma, segundo colocado, que fez uma regata bastante estratégica marcando o Ericsson 4, que é o lider até agora da VOLVO RACE. O barco americano venceu esse duelo, ontem.



Talvez tenha sido a estratégia mais brilhante de todas, a do barco irlandes Delta Lloyd, terceiro colocado. O barco largou em último ou penúltimo e ao final de primeira volta já brigava pelas primeiras posições e se manteve entre os 3 primeiros até o final.



Não sei o que aconteceu com o Ericsson 4, tido como o grande favorito pelo conhecimento que Torben Grael tem da Baia da Guanabara. Depois da Regata, o brasileiro reconheceu que tática não havia sido boa. O Ericsson 4, barco sueco, foi o quarto colocado, mas, mesmo assim manteve-se na liderança da VOLVO RACE, com 9,5 pontos de vantagem para o Puma e 11,5 sobre o Telefonica Blue.


O quinto colocado foi o Telefonica Black, que fez uma regata com tática bem consevadora.

Lembram-se do mastro de 31,5 metros ? Olha aí um tripulante do Puma lá em cima !


Um close nele...

Os tripulantes estão longe de ter uma vida mole. Quando aportam carregam os equipamentos transportáveis, como as velas, por exemplo, para alojamentos próprios. Eis os tripulantes do Telefonica Blue, o vencedor, continuando o seu trabalho em terra, após a Regata.

Um dos homens mais importantes da tripulação do Telefonica Blue, Co-Skipper (co-comandante estrategista), Iker Marinez, bicampeão olímpico na Classe 49er, feliz com seu bebê, após a Regata.

Após a vitória, os prepativos para "limpar" o barco.

O Puma, recém aportado...

A beleza dos barcos aportados lado-a-lado...



Ken Read, o grande Skipper, comandante estrategista do Puma, campeão da Volvo Race de 2005-06 e da American Cup (as 2 mais importantes competições para veleiros Classe Oceano do mundo) dá entrevista para uma TV americana, ao lado de uma de suas filhas.


FEIRA CULTURAL DE FOTOGRAFIA - no último domingo de cada mes acontece essa Feira nos charmosos jardins do Palacio do Catete. Em cada evento há um profissional convidado. No de hoje os convidados foram Janine Bergmann e Paulo Paiva.
A Feira é promovida pela Associação Brasileira de Arte Fotográfica - ABAF, Associação Profissional dos Repórteres Fotográficos e Ciematográficos do Rio de Janeiro - ARFOC e Revista PHOTOMAGAZINE

Acho que não se pode mais chamar de fotógrafo aquele profissional que trabalha com fotografia hoje. Muitos desses fotógrafos trabalham com softwares sofisticados como o Photoshop CS4, o 3D Max, Lightroom, Photolightning e programam em html, xml, Java, Php... Talvez o correto hoje seja dizer que eles trabalham com Comunicação Visual e Midias Digtais.
Contudo, minhas fotos não têm tratamento algum porque não sou um profissional.
Uma notável exceção, Góes não usa câmeras digitais, não usa flash, não usa softwares. A iluminação de suas fotos é exclusivamente feita à luz fluorescente...
Renato, o famoso "Indio"

Mestre Paulo Paiva...
Troca de Conhecimentos...
As fotos nos jardins...
Mestra Janine Bergmann

Mais Mestres e ao fundo a exposição de Janine e Paulo...