imperfeito

segunda-feira, julho 28, 2008

Rio de Janeiro é mais do que praias...

Casa da Gávea - peça de teatro, forró e festa julina na praça

Localizada na Praça Santos Dumont, Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, a Casa da Gávea, é um centro de convivência artística com biblioteca, estúdio de som, ilhas de edição de vídeo, roteiroteca, videoteca e banco de textos teatrais, e um espaço para representações experimentais, com capacidade para oitenta pessoas.

A Casa da Gávea dirige suas atividades para o estudo, debate e divulgação das mais variadas formas de arte e cultura e para a produção de espetáculos teatrais, filmes, vídeos, edições de livros, programas de rádio, exposições e shows musicais.

A Casa da Gávea é um empreendimento dos atores Paulo Betti, Cristina Pereira, Vera Fajardo e Rafael Ponzi.

Fotos da peça "Sonhos de uma noite de São João" encenada na praça do Jockey, em frente à Casa da Gávea, nessa sexta e sábado.





Depois da peça, forró arretado e festa julina.



Festival de Jazz nas ruas do Leblon no sábado - 10 hs de shows





Oscar Garcia da Rosa, artista plástico uruguaio, grande amigo, que está residindo no Rio. Olhem que maravilha esse cartaz !
O traço imaginativamente criativo do Oscar. Estive lá.


Alguns quadros do Oscar


Jardim Botânico - ipês, esquilos, cactus e orquídeas













terça-feira, julho 22, 2008

Lumiar e o deslumbrante Rio Macaé


LUMIAR

Lumiar é um lugarejo que fica na serra norte do Estado do Rio de Janeiro, perto da cidade de Nova Friburgo, que tem esse nome por causa da colonização suiça e alemã.

A primeira vez que fui a Lumiar foi na década de 70, quando a estrada que saia de Nova Friburgo era de terra e muito ruim. Lumiar tinha, à época, no máximo 5 casas. Era o tipo do lugar de bichos-grilo e de pessoas que gostavam de aventuras na natureza.

Nessa primeira vez, depois de muitas horas de viagem - nem me lembro quantas -, chegamos a Lumiar lá pelas 8 da noite, literalmente mortos de fome. Havia uma única pousada, que também era padaria e restaurante super simples (desses de pf). Quando chegamos o restaurante estava fechado. O dono da pousada - e do restaurante - Sr. Klein, ficou com pena da gente e disse que ia quebrar o nosso galho. Éramos 12. Passado algum tempo, o Sr. Klein surgiu com uma enorme travessa de arroz, depois com outra de feijão carioquinha, outra com farofa, outra com batatas fritas e, finalmente, com uma travessa com 12 lindos e super apetitosos bifes (nessa época eu ainda comia carne vermelha). Até hoje me lembro de como estava gostosa aquela comida e de como era visualmente linda !!! Foi uma noite e uma viagem super felizes !!!

Pois bem, Lumiar hoje é acessível por estradas asfaltadas e cresceu. Mas não perdeu o charme, como podem ver pelas fotos a seguir.






RIO MACAÉ

O Rio Macaé é uma das grandes paixões da minha vida - eu o acho deslumbrante no seu curso entre a sua nascente e a cidade de Casimiro de Abreu. Depois, até desaguar no Atlântico, ele não é preservado e se torna mais uma vítima da burrice humana.

Nasce na Serra de Macaé próximo ao Pico do Tinguá (1.560m de altitude), na Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima em Nova Friburgo. Corre por cerca de 136 km até o Oceano Atlântico. Possui mais de 20 tributários, entre rios e córregos.

É, talvez, o mais lindo e piscoso rio de montanha do Brasil. Por correr em meio à floresta virgem, com águas de baixa temperatura, cristalinas, límpidas e puras, que formam cachoeiras, corredeiras, e piscinas naturais, é habitado por muitos peixes, inclusive por trutas arco-iris - o que é raríssimo em nosso país.

A professora Érica Caramaschi, do Instituto de Biologia da UFRJ já catalogou mais de 50 especies de peixes no Rio Macaé. Sendo que 2 delas são novas espécies ainda não catalogadas pela ciência. São espécies de cascudos.

Em seu leito existe um peixe raríssimo, uma espécie endêmica chamada Pareiorhaphis garbei. Sua ocorrência se restringe somente à parte alta do rio e, para Érica: "se o garbei desaparecer dessas áreas, ele simplesmente desaparece do planeta".

Segundo Érica, essas espécies descobertas têm papel essencial na cadeia alimentar daquele meio, pois servem de alimento às lontras, gambás d'água, cuícas d'água, aves e morcegos. Além disso, eles se alimentam de algas que formam limbo nas pedras e que retêm nutrientes. Portanto, eles transformam essas algas, inaproveitáveis para qualquer outro animal, em alimento, realizando uma passagem de energia essencial.

Em novembro, quando estive lá pela vez anterior, fui levado por um amigo fazendeiro até uma cachoeira virgem que fica dentro da sua propriedade. Na trilha, ele me mostrou pegadas de onça, veados e cobras, o que indica o alto grau de preservação ambiental daquela região.

Um pouquinho do Rio Macaé para vocês.






Uma tirolesa sobre o rio....




Cascata da Fumaça, uma das muitas cachoeiras do Rio Macaé (ela tem 2 níveis de queda)






Reparem como suas águas são cristalinas e puras...


Um mirante totalmente construído com material reciclado na beira da estrada Serramar (estrada que liga Nova Friburgo ao litoral norte do Estado - a estrada acompanha o Rio Macáe em quase todo o seu trajeto na serra e é cheia de curvas em S, no meio de paisagens lindíssimas). O telhado é feito de embalagem tetrapak e tubos de pastas de dentes...


Forte de Copacabana num dia especialmente lindo

De volta ao Rio, me deu saudade do Forte de Copacabana. Como não chove faz tempo e havia ventado forte pela manhã, a atmosfera e o mar estavam limpíssimos (em Copa, sim, em Ipanema e Leblon, nem tanto). Ao entrar no Forte (que fica no final de praia de Copacabana) me lembrei que, ao lado, havia sido o meu primeiro emprego. Trabalhei numa firma de engenharia, como desenhista e encarregado de obra (sim, eu fui um dia encarregado de uma obra). A obra era a construção do Centro do Salvamar - de recuperação de afogados - e ficava colada ao Forte de Copacabana e ao Clube Marimbás, um clube dedicado às coisas do mar.

Fiquei nesse local só 3 meses, por todo o verão, quando tinha 18 anos, acho. Chegava na obra às 6, 30 hs, checava o planejamento para o dia, distribuia as tarefas e ficava de bobeira. Os salva-vidas saiam todos os dias para fazer pesca submarina. E não resisti. Cada dia, depois de distribuir todas as tarefas, verificar se estava tudo em ordem, saia com eles para o mar. Às vezes íamos de barco para as
Ilhas Cagarras. Outras vezes contornavamos o costão pelas pedras e faziamos o mergulho por lá mesmo, no costão e nas lages. Naquela época os peixes eram abundantes. E eram peixes nobres como o badejo, linguado, pargo... Cada dia era uma festa, horas e horas mergulhando no costão, nas lages ou nas Cagarras.

Algumas estórias merecem ser contadas. Uma vez pegamos um cação martelo nas Cagarras e levamos umas 2 hs para embarcar o bicho, que era bem grande. Na praia foi um dia inteiro de fotos. Depois ele foi retalhado e dividido entre os salva-vidas e os pescadores da Colonia, que funciona até hoje por ali. Outra vez, mergulhávamos no costão e bem na ponta encontramos uma raia jamanta, negra, enorme, linda, linda, calmamente estacionada sobre uma das pedras, tranquilíssima. Passamos por perto, curtimos de monte aquela maravilha e respeitamos o seu sossego. Foi assim que aprendi a mergulhar com snorkel e com garrafa e a fazer pesca submarina.

Tenho muitas outras estórias. Ao lado do Forte e do Centro do Salvamar ficava, e ainda fica, o Clube Marimbás, que sempre foi frequentado pelos amantes das coisas do mar. O Rio tinha excelentes mergulhadores, campeões mundiais, que frequentavam o Marimbás. Convivi com eles naqueles meses e em muitas outras ocasiões, porque continuei mergulhando ainda por muito tempo.

Fiquei só 3 meses por lá, me removeram para um escritório no centro da cidade. Realmente não dava certo um garoto feliz com aquele marzão todo pela frente.

Me lembrei disso tudo e tirei algumas fotos do Forte e desse costão que faz parte da minha vida.


Delicia almoçar de frente para esse mar...


O costão de muitas aventuras...


Praia do Diabo e ponta do Arpoador, vistas do Forte...
Aquela espuma no meio da foto é de uma das lages...
Pão de Açucar visto do Forte...