imperfeito

sábado, junho 28, 2008

Minha homenagem aos 100 anos do nascimento de João Guimarães Rosa, 27.06.2008

Os textos de dois escritores brasileiros, em especial, me atraem: Érico Veríssimo e Guimarães Rosa. Ambos foram, a seu modo, radicalmente brasileiros. Ambos eram extremamente cultos. Ambos não tiveram a mínima cerimônia de incorporar em seus textos palavras estrangeiras. Foram opostos na tessitura, foram opostos no uso das palavras e, mesmo assim, incrivelmente precisos, diretos, econômicos em suas narrativas. Foram extremamente fieis à sua terra e ao seu povo, Érico ao âmago gaúcho e João à alma das Gerais. Ao contrário de Érico, os textos de João nunca foram por mim lidos com facilidade. Necessitava, muita vez, lê-los e relê-los. João foi um inventor de palavras, talvez por isso.



"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) em 27 de junho de 1908. Seu Fulo, seu pai, foi comerciante, juiz-de-paz, caçador e contador de estórias. Ainda criança estudou sozinho francês e um pouquinho mais tarde aprendeu também holandês com um frade franciscano.

Estudou em Belo Horizonte e por pouco tempo em São João del Rei (não suportava a comida do internato). De volta a Belo Horizonte estuda no famoso Colégio Arnaldo, onde aprende alemão. Mais tarde, em uma entrevista fala sobre sua facilidade em aprender línguas:


“Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.”

Com 16 anos inicia o curso de Medicina na Universidade de Minas Gerais. A célebre frase dita na sua posse na Academia Brasileira de Letras - as pessoas não morrem, ficam encantadas – provém dessa época. Foi dita no velório de um colega de turma.

Exerce a medicina por 2 anos no interior de Minas, onde tem contato bastante próximo com os receitadores populares que utilizavam principalmente raízes em suas receitas. Torna-se amigo de um deles, espírita, que o inspira no personagem Quelemém de Grande Sertão: Veredas.

Faz concurso público e vai trabalhar em Barbacena como Oficial Médico de um Batalhão. Como lhe sobrasse tempo, voltou a estudar idiomas estrangeiros e a pesquisar o comportamento e os hábitos dos jagunços dos barrancos do São Francisco.

Por influência de um amigo presta concurso para o Itamaraty. É aprovado em segundo lugar e começa a sua vida de diplomata. Abandona a Medicina.

Nesse ínterim, Rosa já havia vencido uma série de concursos literários. Os contos de um deles transformar-se-iam em Sagarana. Essa obra sempre foi reconhecida como uma das mais importantes já escritas no Brasil. Seus contos representam a beleza selvagem da paisagem, a vida no campo, os vaqueiros, e o linguajar característico e pitoresco do povo, os regionalismos das montanhas de Minas.

Em 1938, Guimarães Rosa é nomeado Cônsul Adjunto em Hamburgo. Lá conhece Aracy (Ara), sua segunda mulher. Escapou da morte várias vezes durante a Segunda Guerra. Sua casa é bombardeada durante a sua ausência. Ajudou, protegeu e facilitou, junto com a mulher Aracy, a fuga de judeus na Alemanha nazista. Por essas ações foi homenageado em Israel. Um bosque nas encostas de Jerusalém passou a ser chamar João Guimarães Rosa e Aracy Moebius de Carvalho.

Rosa tinha grande pudor em falar sobre si e vangloriar-se por atos de grandeza humana. Outra de suas características de comportamento, talvez pela sua convivência com o povo místico do interior de Minas, acreditava na força da lua, respeitava a umbanda, a quimbanda e o kardecismo, os curandeiros e feiticeiros. Para ele, pessoas, casas e cidades possuíam fluidos positivos e negativos, que influíam nas emoções, nos sentimentos e na saúde de seres humanos e animais. Aconselhava os filhos a terem cautela e a fugirem de qualquer pessoa ou lugar que lhes causasse algum tipo de mal estar.

Em 1942, quando o Brasil declara guerra à Alemanha, Rosa fica preso com vários brasileiros, entre eles o pintor Cícero Dias, durante 4 meses. Uma troca com diplomatas alemães permite a libertação de todos.

Seu próximo posto diplomático é em Bogotá. Lá, na altitude de 2.600 metros escreve o conto Páramo, que integra o livro póstumo Estas Estórias. Esse conto, tido como autobiográfico, retrata a experiência de uma "morte parcial", vivenciada pela solidão e saudade, frio, e principalmente pela asfixia provocada pelo ar rarefeito.

Rosa era um anotador de detalhes. Consumia grande número de cadernos de espiral com anotações sobre o modo de falar, os costumes, a fauna e flora, as crenças e superstições, casos e anedotas, versos e canções. Rosa foi um fantástico frasista (parece ser uma qualidade de grandes escritores).

Por incrível que possa parecer, Rosa não foi eleito em 1957 para a Academia Brasileira de Letras (obteve apenas 10 votos). Só o foi em 1963, eleito por unanimidade. No entanto, só assume sua cadeira na Academia 3 dias antes de sua morte, em 1967. Nesse mesmo ano foi indicado, por seus editores franceses, alemães e italianos, para o Prêmio Nobel de Literatura. Nunca se saberá se Rosa teria ganho o Nobel porque bem antes disso faleceu.

Principais obras:

· Sagarana (1946), contos e novelas, livro de estréia.
· Corpo de Baile (1956), novelas
· Grande Sertão:Veredas (1956), romance
· Primeiras estórias (1962), contos
· Tutaméia:Terceiras estórias (1967), contos.

Algumas poucas de suas Frases:

É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado

Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer

Eu quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa....

Felicidade se acha é em horinhas de descuido

Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?

O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem

Quem sabe direito o que uma pessoa é?

Antes sendo: julgamento é sempre defeituoso,
porque o que a gente julga é o passado.

Infelicidade é uma questão de prefixo.

Saudade é ser, depois de ter.

Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.

a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a idéia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é.

Eu sei: quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade...

Esperar é reconhecer-se incompleto

Cê vai, Ocê fique, Você nunca volte

Diadorim é a minha neblina

Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto. As pessoas, e as coisas não são de verdade!

...linda, linda. linda como uma alegria triste, uma alegria magoada que ficou triste, de repente..."

O Sertão é confusão em grande demasiado sossego.

a colheita é junto, o capinar é sozinho.

Eles se disseram, assim eles dois, coisas grandes em palavras pequenas, ti a mim, me a ti, e tanto.

A gente pensa que vive por gosto, mas vive por obrigação.

domingo, junho 22, 2008

Roça In Rio sábado, dia 21

Contornam a curva de chegada e entram na reta final...a 300 metros do vencedor...

multicores, multiluzes, dia e noite deslumbrantes...





Anjo voa, não voa ?...

Roça In Rio das crianças...














sábado, junho 21, 2008

Roça In Rio, sexta dia 20 (as fotos continuam na linha impressionista)

Os Ilustres Visitantes já devem ter percebido que o Jockey Club é um dos lugares que mais gosto no Rio. É lindo e nele acontecem alguns eventos imperdíveis durante o ano. Nesse cenário, numa noite de lua cheia e céu limpo, bomba uma das festas mais legais do Rio: o Roça In Rio. Um Arraiá beneficente em pleno coração da Cidade Maravilhosa, durante 3 dias.

Tudo o que se arrecada no Roça In Rio vai para atender cerca de 40.000 pessoas que vivem abaixo a linha da pobreza. É uma ação do Banco da Providência que durante o ano inteiro atende a essas pessoas. Há 5 anos acontece o Roça In Rio e não faltei a um só, durante os 3 dias, sempre dou um jeito de ir.

Essas fotos foram tiradas propositalmente com abertura incorreta para que tenham um efeito "impressionista".

Gisela Amaral - essa admirável mulher que venceu o câncer - é um dos motores do Banco da Providência e a grande organizadora do Roça In Rio. Todos os holofotes para ela !!!!!!!!

Duas excelentes jornalistas da Rede Globo. Talvez os Ilustres Visitantes de fora do Rio não reconheçam que uma delas é Renata Capucci, âncora do RJTV. Renata, para mim, é uma das mais competentes e simpáticas jornalistas da Globo. Tem uma filhinha de uns 2 anos que é uma verdadeira boneca que fala, que anda e que ri, e que estava lá, impossível.

A galerinha dos Abaeteuras - um grupo de dança folclórica do Rio.

O Arraiá de 8.000 m2, lotado, bombando....
A noiva Thalita...
Os Bonecos de Pano - um grupo de dança folclórica do Rio
O sorriso lindo de uma autêntica baiana do acarajé...



domingo, junho 15, 2008

ORAÇÃO A MIM MESMO - autor Oswaldo Antonio Begiato

ORAÇÃO A MIM MESMO - autor: Oswaldo Antonio Begiato, fotografias Gregory Colbert (magnifícas !!!!)



Meu domingo amanhece abençoado ! Partilho com vocês essa benção.

sábado, junho 14, 2008

Homenagem à lenda Jamelão, aniversário de Chico Buarque, o Rio ensolarado de hoje e voltando ao dia 13, Fernando Pessoa - 120 anos

A lenda Jamelão em seu último carnaval - 2006(by fotobrasil.multiply.com) Em seu penúltimo carnaval -2005 Jamelão é uma árvore que pode chegar a 10 metros de altura. Possui frutos pequenos e doces que, quando maduros, ficam arroxeados. Jamelão e José Bispo Clementino dos Santos são a mesma pessoa. E certamente esse apelido veio da sua altura e da sua cor. O melhor, o mais completo, o mais longevo, o mais reverenciado, o mais carismático, o melhor símbolo do carnaval carioca, o melhor e mais extraordinário Intérprete dos Sambas de Enredo de todos os tempos foi cantar no céu. Minha especial homenagem a esse homem alto, elegante, de ironia fina – que muitos confundiam com mau humor – que detestava ser bajulado, que tem uma voz única, inconfundível, de personalidade fortíssima, que durante 50 anos comandou a gloriosa Mangueira em todas as avenidas do samba. Jamelão tinha uma voz potente, que emitia com clareza todas os sons, notas, palavras de um samba enredo, durante todo o desfile, sem uma única interrupção, uma única vacilada, um único desafinado. Esse homem alto, elegante, de voz potente realmente parecia uma árvore de 10 metros de altura quando representava sua Escola e o Samba Brasileiro. A última vez que ouvi Jamelão cantar foi em Sampa, aos 93 anos, pouco antes dele sofrer o derrame. Ele tinha uma mágoa, dizia que foi cantar em São Paulo porque no Rio ninguém mais queria ouví-lo, o que, obviamente, não era propriamente verdade. Eu lhe disse na ocasião, com todo o respeito para que, nem de longe, ele pensasse ser eu um chato: já que Jamelão não vai ao Rio, um carioca vem a Sampa e olha que esse carioca nem Mangueirense é. Ele entendeu e meu deu um belo abraço. Algumas curiosidades: Jamelão começou na bateria da Mangueira, nos tamborins, e não como intérpete. Ele já havia sido “gongado” (eliminado) em programas de calouros no rádio. Costumava andar, até certa idade, com elásticos nas mãos e nos bolsos. Foi grande amigo de Lupicínio Rodrigues e por causa dele passou a torcer pelo Gremio Futebol Portoalegrense, o tricolor do sul. No Rio era torcedor do Vasco da Gama, talvez por influência de ter nascido em São Cristovão, bairro do Rio onde está o campo do Vasco. Sábado ensolarado no Rio

Aniversário de Chico Buarque - dia 19 de junho (tricolor e mangueirense) Algumas comemorações:

Hoje, dia 14, a banda Seu Chico, de Pernambuco, faz festa no Cine Lapa, às 22 hs. Essa banda reinventa Chico sob o comando de um pianista genial de apenas 18 anos, Vitor Araujo. Estarei lá, dançando até as madrugadas.


18/08, quarta-feira no Teatro Rival às 19,30 hs - Mulheres de Holanda


19/06, quinta-feira na Sala Baden Powell (Copacabana), às 20h - Mulheres de Chico.


22/06, domingo no super agradável Parque das Ruínas em Santa Teresa às 18h - Mulheres de Chico novamente. Certamente que estarei lá.


Fernando Pessoa nasceu num dia 13 de junho, há 120 anos atrás.


"Todas as cartas de amor são

Ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem

Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras,

Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser

Ridículas.

Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram

Cartas de amor

É que são

Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia

Sem dar por isso

Cartas de amor

Ridículas.

A verdade é que hoje

As minhas memórias

Dessas cartas de amor

É que são

Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,

São naturalmente

Ridículas.)"

terça-feira, junho 10, 2008

PALAVRAS...AMOR

O post de hoje foge totalmente à finalidade do Imperfeito. E, por isso, está sendo escrito com mais esmero, em um tipo de letra pouco usual, quase caligráfico.

O post de hoje é sobre o AMOR.

Recentemente assisti a 2 filmes que tinham como tema central o amor. Filmes bastante diferentes entre si.

Quand j´etais chanteur (cujo título em português é Quando estou amando) narra o encontro do personagem Alain Moreau - um cantor de bailes, típico chansonnier francês, vivido por Gérard Depardieu - com Marion, personagem de Cécile De France. Ele, aos 50, ela, une jeune femme.

Para alguns, o filme é extremamente “mala”. Para outros, inclusive para o bonequinho crítico de O Globo, o filme merece ser aplaudido. Não vou entrar nesse mérito.

O que me traz aqui é uma situação muito específica, que o filme trata com habilidade e sutileza. O momento exato em que se produz o encontro, a declaração, a certeza do amor... e o momento exato em que, a partir daí, se produz a impossibilidade.

O clima é perfeito. Um salão de baile como um salão de baile deve ser. Tango... Marion e Alain bailam. Há um certo estilo naquele Alain acima do peso. Há uma aura de beleza em Marion. As tomadas de cena são preparadas para o close no rosto dela. Para o close no olhar mais expressivo do cinema francês atual. Com toda a força desse olhar, Marion se declara. Algo como: nunca tive um homem como você. Diz as palavras especiais, únicas, singulares que caracterizam o Amor. Diz as palavras que tornam o Amor transcendente e fazem com que Alain transcenda a todos os outros homens. Palavras especiais, únicas, singulares...

Instala-se a impossibilidade no olhar de Alain. Aquele homem que desejava e precisava mais do que tudo ouvir aquelas palavras, foge delas.

Marion se vai.

Não importa o resto do filme.

Sex and City. A série de enorme sucesso na TV chega ao cinema com o mesmo impacto. Nas análises sérias que se têm feito sobre o sucesso de Sex and City alguns pontos são consenso entre os analistas. A perfeita definição, composição e caracterização das personagens e a qualidade precisa dos diálogos. Sem dúvida é fácil identificar pelo comportamento, pelas frases, pelas roupas, pelos pensamentos Carrie, Samantha, Miranda, Charlotte, Mr. Big, and so...

O filme é sobre o amor, sobretudo sobre o amor.

E o pensamento de cada uma delas sobre o amor difere muito entre si.

Charlotte acredita no amor, acredita no casamento, defende-os, cria todos os climas possíveis para que eles se realizem, aconteçam.

Samantha, ao contrário, quer-se livre para o sexo. O amor deve acontecer inserido no sexo. Ela declara que não está atrelada a homens. Que eles são o seu objeto de desejo... Mas Samantha tenta. O filme mostra a seqüência de um relacionamento seu de 5 anos.


Miranda vive um eterno conflito entre o trabalho e sua vida pessoal. O amor fica em segundo plano, como o sexo.

Carrie, ah Carrie... vive um romance-elástico com Mr. Big há mais de 10 anos. Junta-separa, aproxima-afasta, possibilidades-impossibilidades. Mr. Big tem seu próprio mundo de negócios, seu próprio mundo particular de homem bem sucedido. Carrie ora está nele, ora não está. O que o filme traz de novo é que, finalmente, as impossibilidades parecem se esvaecer. Tudo caminha nesse sentido.

Mas...tudo pronto para o casamento, Mr. Big não consegue transpor o muro das impossibilidades. Duzentos convidados, tendo como cenário a The New York Public Library – a belíssima biblioteca de Manhattan, fico deslumbrado a cada vez que lá entro – e o noivo não aparece. Imaginem uma cena como esta !

Novamente o que me traz aqui não é propriamente essa cena do casamento não realizado. O que me traz aqui é uma cena posterior, no final do filme, quando Mr. Big e Carrie se encontram, por total acaso, no apartamento que ele havia comprado para os dois residirem após o casamento.

O que me traz aqui são as palavras de Mr. Big a Carrie nessa cena. Ele diz que eles estavam tratando o casamento como se fosse um negócio. Que era assim que ele estava sentindo. O casamento e o negócio estavam maiores do que eles, do que o amor deles. Mr. Big ajoelha-se e se declara. Pede Carrie em casamento, como os pedidos de casamento devem ser. Diz as palavras especiais, únicas, singulares que tornam o amor e os amantes transcendentes. E se casam na simplicidade de um cartório.

Essas cenas de Quand j´etais chanteur e de Sex and City são as cenas da importância das palavras no AMOR. A importância das palavras especiais, únicas, singulares que os amantes se dizem – ou deveriam se dizer – para tornar o AMOR transcendente. E isso se tem tornado cada vez menos comum. As pessoas estão dizendo para as outras, nos seus cotidianos, as mesmas palavras que dizem aos seus amantes e amores. As palavras de AMOR estão perdendo os seus significados especiais, únicos, singulares, que tornam o AMOR transcendente.


Um querido e muito próximo amigo me contou uma pequena estória. Ele pensava ter encontrado a mulher de sua vida, a mulher amada. Durante algum tempo trocaram olhares, palavras, toques, pensamentos. Dedicaram-se momentos de suas vidas. Ele tinha muito cuidado em falar de amor e falar amor. Ele lhe disse certa vez: tenho muito cuidado com essa palavra amor, mas sinto que estou amando você.

O acaso, sempre ele, fez esse meu amigo cruzar um caminho de palavras escritas. E lá, a sua mulher amada usava em seu cotidiano as mesmas palavras que ele pensava fossem só suas. As palavras que ele pensava serem especiais, únicas, singulares, eram escritas por ela para os seus amigos.

Um anel de ouro, com duas estrelas da cor do sol ladeando uma estrela da cor da lua, repousa dentro de uma gaveta. Esse anel seria dado por ele à sua mulher amada no dia dos namorados.

Meu amigo tem um problema que não posso ajudá-lo a resolver. Faz tempo isso, o anel repousa na gaveta porque ele não pode dá-lo a outra pessoa...ele não consegue dar a uma outra mulher, por mais amada que seja – e amor pressupõe confiança e compreensão – essa pequena jóia que para ela não foi comprada.

Palavras especiais, únicas, singulares tornam o AMOR e os amantes transcendentes. A autora de Sex and City e o roteirista de Quand j´etais chanteur pensam assim. Meu amigo e eu ainda acreditamos nisso...

Amanhã, no dia dos namorados, estarei viajando a trabalho. Um super feliz dia dos namorados para todos, e que palavras especiais, únicas, singulares sejam ditas.

domingo, junho 08, 2008

Domingo de Praia - o Rei Pelé da Praia

Pelé fazendo cara feia: "Luiz, comendo pastel não, né ?".

Ao fundo, na quadra, pai e filho.

Recentemente o jornal O Globo indicou Pelé como um dos personagens-símbolo do Rio. Ele é um carioca típico, trabalha muito na praia (alguns dias até 21 hs com a sua escolinha), é um excelente profissional e está sempre de bom humor. Fala inglês e estuda alemão. Muitos gringos o procuram já com referências de outros gringos que por aqui passaram. É estimadíssimo em toda a praia. Tenho a honra de ser seu amigo e frequentar a sua rede.

Essa é a praia da minha praia, onde estão alguns dos meus amigos e amigas de final de semana (fazia tempo que eu não aparecia por lá - o querido síndico Arnaldo já tinha registrado a reclamação -, tudo por causa de um certo encanto do mundo virtual...)




Os "domínios" do Pelé correspondem a 2 barracas na areia, com todo o apoio logístico para a praia, e a 2 redes. Em cada uma delas se joga um tipo de volley. Nessa primeira rede só se joga na regra do volley de praia e quase sempre duplas.

Nessa segunda rede, a mais perto do calçadão, se joga na "rataria", isto é, vale tudo. Em geral o jogo acontece com 4 de cada lado. As redes são frequentadas por pessoas de todas as idades, homens e mulheres, gordos e magros, com as profissões as mais variadas, pilotos de avião, médicos, empresários, estudantes, psi, rh, etc. Muitas vezes aparecem "feras" do volley de praia e de quadra, que jogam ou jogaram profissionalmente. Como também aparecem atletas de outras modalidades, como os meninos da seleção brasileira de ginástica olímpica. Enfim, é como se diz no Rio, a praia é o lugar mais democrático que existe...







sábado, junho 07, 2008

Mais um niver no trabalho e um video intrigante

Não sei quem montou o ambiente, mas que estava elegante, isso estava !





Um vídeo para refletir sobre inteligência ! (by Naza Barcellos, uma querida amiga)


domingo, junho 01, 2008

BLACK AND GOLD, RODA DE SAMBA e MULHERES DE CHICO

BLACK AND GOLD Essa música anda fazendo a minha cabeça nesses últimos dias.

SÁBADO - RODA DE SAMBA NUMA PRAÇA DE LARANJEIRAS (um charmoso bairro do Rio)

Essa roda de samba é quase toda organizada por mulheres. Dei sorte de ser amigo delas e poder curtir esse samba numa bucólica praça de Laranjeiras no Rio. Todas as fotos foram tiradas com aberturas inadequadas do diafragma para que fiquem, propositalmente, tremidas, para criar um clima diferente, fotos muito certinhas andam me incomodando, acho que é fase criativa.



Uma das organizadoras da Roda, é uma pesquisadora da Fiocruz que tem incríveis olhos azuis atrás daqueles oclinhos.





Mais 2 organizadoras. Uma é designer do Centro Design Rio e a outra uma pesquisadora que trabalha no Instituto Nacional de Tecnologia



MULHERES DE CHICO

Depois da Roda de Samba fomos para o Teatro Odisséia, sambar com as Mulheres de Chico (MDC), na Lapa (hoje o bairro mais boêmio do Rio, as grandes baladas andam por lá). O MDC é um bloco de carnaval, criado no Leblon, formado apenas por mulheres, que cantam e tocam apenas Chico Buarque, logo o nome, Mulheres de Chico. Elas fazem shows durante todo o ano com parte da formação do bloco. Felizmente também sou amigos delas. Ei-las em ação no Odisséia.